domingo, 8 de março de 2020

0220 Madeira; Fogo; Terra; Metal; Àgua (nome provisório)

Texto da candidatura ao concurso Criatório de Janeiro de 2020

Madeira, fogo, terra, metal, àgua são os cinco elementos da natureza considerados pelos chineses antigos. Cada um deles refere-se a uma estação do ano sendo a Terra o elemento estranho que se refere ao final do verão. Então a madeira refere-se Primavera, o fogo ao Verão, a terra ao fim do verão, metal ao Outono e àgua ao Inverno.

Este é um projecto que pretende nascer a partir do diálogo entre dois sujeitos, um criador de imagens animadas pelo método tradicional em desenho, frame a frame e um músico. O desenhador e animador é o autor do projecto, Vitor Hugo Rocha e o músico convidado é a arpista espanhola residente no Porto Angélica Salvi. O som, a música e a sincronia com a imagem têm vindo a ser elementos regulares e da maior importância no trabalho de Vitor Hugo e continuam a estimular a sua vontade de criação. Por vezes o som promove a criação da imagem, outras vezes o contrário. Desta vez pretende que ambos sejam o gatilho um do outro. 

A musicalidade da arpista é por vezes encantatória e hipnótica, explora um universo com repetições e com sonoridades circulares e livres dentro da estrutura da composição que podem ser ideais para despoletar imagens animadas que se pretendem relacionadas com os movimentos da natureza, livres e intuitivos  e por ciclos, com as suas estações do ano e com a sua sabedoria que todos os anos se renova. Para os orientais a primavera significa o início de um ciclo novo. “Começa em março-abril quando a vida retoma as suas actividades após a estagnação do inverno. Na primavera os períodos do dia e da noite são iguais. Surgem os primeiros ventos quentes, a neve e o gelo começam a derreter. O caudal dos rios aumenta, nascem as primeiras folhas e a paisagem ganha um tom verde e fresco. É a época das flores, do acasalamento do animais e o momento de iniciar o plantio. Depois ocorre o solstício do Verão na metade superior do planeta. Os chineses consideram o verão o auge, o momento da plenitude. É nessa fase do ano que o hemisfério norte recebe a iluminação máxima do sol, as noites são mais curtas e as noites são mais longas. Depois segue-se o outono e depois o Inverno.



A animação deverá ter cerca de 5 minutos e será emitida por quatro projectores circulando simultaneamente sobre quatro paredes cada uma com cinco metros de comprimento numa caixa onde os espectadores e o músico se situam no centro rodeados das imagens animadas. Essas imagens que são desenhos em tinta preta sobre fundo branco tem o objectivo de abordar a grandeza e o mistério da natureza da qual fazemos parte. E o quanto podemos aproveitar para aprender com ela em cada detalhe do seu movimento.Tudo na natureza está em constante mutação e o funcionamento na perfeição de tudo na natureza à revelia das explicações mais ou menos complexas que possamos encontrar são os motes maiores para o desenvolvimento deste trabalho. É um diálogo próximo do cadáver esquisito dadaísta entre os dois artistas que deverão evocar manifestações da natureza numa construção que deverá recorrer a pequenos loops até alcançar um loop maior e total que acaba com a imagem e som com que a peça se inicia. Procurará conter espaço para a experimentação onde ordem e caos podem ter lugar.
  


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